domingo, 19 de agosto de 2012

Início da criação do violino -- Escassez de informação

 O início da história do violino é envolto por numerosos mistérios e obscuridades. No começo do século XVI, muito se sabia sobre ele e sua família, mas nada foi escrito, e essa é uma das causas da dificuldade que temos hoje em saber sobre o início de sua história. A seguinte frase de Michael Praetorius ilustra bem a situação: “E como todos sabem sobre a família do violino, é desnecessário indicar ou escrever algo sobre ela” (BOYDEN, 1990, p. 1). Praetorius escreveu essa passagem há quase quatro séculos, e o que se sabia sobre o violino naquela época, hoje não se sabe mais. Se todo o conhecimento que possuíam tivesse sido escrito, hoje, horas de pesquisas não precisariam ser gastas. Testemunhos sobre a construção do instrumento, a música feita para ele e a maneira como era tocado seriam de grande valor.
 
 O fato de haver limites para se descobrir sobre a música e a técnica do violino no século XVI decorre, também, da situação da música instrumental dessa época. Antes de 1600, na maior parte do tempo, os instrumentos serviam simplesmente para dobrar vozes, ou seja, faziam as mesmas notas que os cantores. Partes escritas especificamente para algum instrumento eram poucas e, por isso, o desenvolvimento técnico do idioma instrumental foi limitado e inexplorado, com exceção de algumas peças para alaúde e instrumentos de teclado.

 Com o tempo, essa prática conduziu naturalmente à independência das formas instrumentais derivadas dos modelos vocais. É aí que surgem formas como a canzona, que ainda não estava totalmente desligada do modelo vocal. Como exemplos de música realmente instrumental temos os prelúdios, tocatas e variações escritas para alaúde e instrumentos de teclado. Boyden (1990, p. 3) diz que no tratado de Diego Ortiz, datado de 1553, encontramos explicações
sobre divisões de arco feitas na viola as quais eram mais ou menos figurações instrumentais elaboradas e improvisadas de uma dada parte ou melodia.

 O fato é que o início da história do violino tem que ser lembrado como parte de uma tradição de música instrumental orientada para a música vocal. É importante constatar que o violino e os instrumentos de sua família também eram usados em danças, visto que sua facilidade na articulação rítmica e o som penetrante favoreciam seu uso nessa atividade.

 Segundo Boyden (1990, p. 40) a música para violino mais antiga de que se tem registro é datada de 1581 e foi feita para ser tocada em um casamento real francês. A peça está registrada por ter sido tocada em um evento grandioso. Contudo, ainda assim, a dança não era o meio mais adequado para que a verdadeira identidade do violino fosse desenvolvida, a qual passamos a encontrar na tradição não escrita da improvisação e nas formas de prelúdios,
tocatas etc.
 
 A escassez de informações sobre o início da história do violino também se deve ao fato de esse instrumento ocupar uma baixa posição social no século XVI. Por ser geralmente usado por profissionais que o tocavam para sobreviver, ele gozava de pouco prestígio. Em contrapartida, alaúde e viola da gamba eram tocados, principalmente, por pessoas da aristocracia, que eram grandes entusiastas desses instrumentos. Além disso, tocar viola da gamba ou alaúde fazia parte da educação dos “bem-nascidos”. Boyden (1990, p. 4l), citando um relato de Jambe-de-Fer (o mais antigo sobre violino que se tem notícia), datado de 1556 e transcrito abaixo, fornece uma prova disso:

Nós chamamos violas àquelas com as quais cavalheiros e outras pessoas de virtude
passam seu tempo. [...] O outro tipo é chamado violino; ele é comumente usado
para a dança. [...] Eu não ilustrei o chamado violino, porque você pode pensar que
ele se assemelha à viola, além do que, há poucas pessoas que o usam, salvo aqueles
que ganham a vida tocando-o.

 Em suma, o violino era pouco respeitável do ponto de vista social e, comparado ao alaúde ou órgão, tinha quase nenhum prestígio. Ele era um instrumento comum à dança, e era tocado por profissionais que tiravam seu sustento através dele. Isso fez com que seu potencial técnico não fosse desenvolvido no início do século XVI e que informações a seu respeito fossem consideradas irrelevantes.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O violino sua história e a Luteria

 O violino é um instrumento reconhecido e admirado, a respeito do qual existem muitas histórias e até lendas. Dentre essas histórias é muito comum ouvirmos sobre o famoso construtor Stradivari e seus violinos, e freqüentemente nos deparamos com alguém dizendo ter um deles em sua família. Em primeiro lugar, faz-se necessário dizer que Antonio Stradivari foi um liutaio (artesão que constrói instrumentos de corda) que trabalhou na cidade italiana de Cremona entre os séculos XVII e XVIII. 

Nessa época, a construção de violinos alcançava o seu ápice. Stradivari teve uma vida bastante longa, o que lhe possibilitou fazer muitas experiências e aprimorar os resultados obtidos por outros liutaios anteriores a ele. Sabendo da existência de outros liutaios e das escolas de liuteria às quais pertenciam, podemos perguntar quem eram eles e quais as suas contribuições para o violino.  

Dessa maneira, abordaremos nesse blog a liuteria desde o surgimento do violino, falando dos principais construtores, escolas e de seus instrumentos,
além de, junto a isso, fazermos um levantamento de informações obtidas através de vários autores para sabermos um pouco mais sobre essa origem (onde, quando, por que e por quem foi criado).

A partir do momento em que chegamos a uma data aproximada do início da criação do violino, procuraremos contar a história da liuteria artística desde o surgimento do violino no século XVI, passando pelas suas principais escolas de construção, dos séculos XVII e XVIII até os dias de hoje. 

Procuraremos saber se muita coisa mudou nessa arte de construção. Tendo em vista que ela alcançou seu apogeu já há alguns séculos, seria ela considerada uma arte estagnada? É possível haver mudanças na forma de construir ou elas só podem ocorrer no sentido de subsidiarem uma facilidade à arte do liutaio? Como é o trabalho de um profissional da atualidade que segue a tradição, e qual a sua visão a respeito dessa profissão hoje em relação ao passado e o que há
por vir? 

O método usado para este trabalho de pesquisa, consiste na leitura de livros a respeito da história do violino e liuteria, em conversas que tive com alguns liutaios e em pesquisas a sites relacionados a esses assuntos, a fim de saber a opinião de liutaios a respeito de suas experiências com novas tecnologias e os seus benefícios para o trabalho do liutaio.

 Outro objetivo desse assunto é obter a análise de profissionais a respeito dos instrumentos antigos e dos construídos hoje em dia, comparando o nível de qualidade entre eles. De início, as dificuldades com relação a informações sobre o começo da história do violino são apontadas, para em seguida serem apresentadas as respostas de alguns autores a respeito do que teria causado essa escassez de dados. 

Em decorrência dessa falta de informações, estudiosos do assunto buscaram em pinturas e documentos da época os indícios do surgimento do violino, sendo que as pinturas mais relevantes serão aqui apresentadas(Em breve). Tendo em vista que o violino é um amálgama de outros três instrumentos, as características de cada um serão descritas para, em seguida, ser oferecida ao leitor desse blog, a definição de cada parte do violino. 

A partir daí, as principais escolas de liuteria dos séculos XVII e XVIII serão
apresentadas junto aos seus construtores mais importantes, culminando nos dias atuais. Acredito que este assunto possa servir de ajuda principalmente a estudantes de violino, pelo fato de expor em uma forma concisa os principais fatos da liuteria e um pouco de sua história, fazendo uma apresentação, despida de alguns mitos, dos principais construtores desse instrumento. O fato de o violino ser apresentado parte por parte bem como a apresentação do seu processo de construção passo a passo e a descrição de algumas transformações que ocorreram no decorrer de sua história também é de grande ajuda.

Essas questões serão respondidas através desse blog com assuntos que tenho conhecimento e outros que pesquisei e encontrei muita coisa boa, espero que apreciem os próximos post's.

Abraços a todos.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A Arte em seu estado mais sublime!!!

Luteria, simplesmente é um ramo da arte que beira a perfeição e a extrema beleza, no tocante ás obras feitas pelo homem. Aguardem mais post's.